O piso intertravado é uma excelente solução para pavimentação de áreas de tráfego de veículos, pedestres, também em calçadas, passeios públicos, garagens e pátios de estacionamento. Mas muitos empreiteiros e empresários do segmento da pavimentação de intertravados têm dúvidas sobre o cálculo dos custos de uma obra, independentemente do seu tamanho.
Os custos específicos para pavimentar com bloquetes ou pavers variam bastante de região para região, de estado para estado. Os valores praticados em São Paulo e região metropolitana são diferentes de outras regiões no Brasil, especialmente em termos de mão-de-obra e disponibilidade insumo.
Nós detalhamos esses custos e criamos um guia prático para você fazer a suas contas, montar a sua planilha de custos com as composições unitárias gerais, e assim orçar os valores praticados na sua região para ter uma noção mais precisa dos custos envolvidos na pavimentação utilizando o piso intertravado.
Importante: este guia tem o objetivo de ser prático e portanto há, claro, simplificações, arredondamentos e generalizações quanto à índices de produtividade e insumos envolvidos. Contudo, as dicas aqui apresentadas são baseadas em composições de custo unitária e médias históricas, e podem sim chegar a valores bem próximos da realidade.
Neste artigo você vai saber:
1 – Mão de Obra (assentamento de paver e meio fio);
2 – Mecanização da Pavimentação (custos fixos e comparativo com a mão de obra manual);
3 – Materiais (matéria prima para acabamento e preparação do solo);
4 – Acessórios de Ferramentas (equipamento básico para a realização do trabalho).
As tabelas que vão se seguir apresentam uma média histórica de índices de produtividades, baseada em equipes com número de pessoas que normalmente executam serviço em uma pavimentação de intertravados em São Paulo e região.
Com relação a produtividade de mão de obra, será mais conveniente separar os serviços de instalação de paver em dois tipos: obras grandes, com mais de 100 m², e obras menores, com área média menor do que 100 m².
É importante ressaltar aqui que existem outras variáveis que impactam na produtividade da mão de obra, além da área de instalação. Como em qualquer tipo de instalação de pisos, quanto mais recortes e requadros precisam ser feitos, mais tempo será gasto. Em resumo, a complexidade da obra pode impactar no tempo e no custo de sua execução.
Portanto, mesmo uma área considerada pequena, mas que possui muitas curvas, cantos, e que haverá uma maior necessidade de recorte nas peças pode demorar muito mais do que o assentamento em uma grande área, com poucos recortes.
Cenário Proposto
1 Equipe: 3 Calceteiros
Paver: Retangular 10x20cm
Produtividade em Grandes áreas: 100m² a 150m²/dia
Produtividade em Pequenas áreas: 50m²/dia
Outro serviço que entra na parte de mão-de-obra, e que é cobrado separadamente pelas equipes de assentamento, é a instalação de meio-fio. O meio-fio, como já sabemos, é instalado previamente formando o limite lateral do piso intertravado. Nesse contexto, o meio fio também é conhecido na obra como tabeira. O meio fio é cobrado por metro linear instalado.
Cenário Proposto
1 Equipe = 3 Calceteiros
Produtividade do dia: 50 a 100 metros lineares/dia. Nesses cálculos estão envolvidos: Nivelamento da base com pó de brita, assentamento das peças niveladas e alinhadas, e preenchimento das juntas com argamassa.
Portanto, a tabela de composição de custos da mão de obra fica assim:
Dessa forma é possível ter uma ideia se a equipe de mão de obra está cobrando um valor excessivo ou se está dentro das expectativas dos valores de diária.
Para assentar 200 m² de paver, uma equipe com uma produtividade de 0,08 horas/m², vai gastar 16 horas, o equivalente a duas diárias de equipe de calceteiros. Se o valor cobrado estiver muito fora dos padrões de diárias cobradas na sua região, é sinal que os custos com a mão de obra estão elevados.
Veja que estes valores que encontramos estão bem próximos dos valores da tabela SINAPI da Caixa:
O valor de 0,25 refere-se à produtividade de uma pessoa. No nosso exemplo, como lidamos com uma equipe de 3 pessoas, este valor é dividido chegando próximo ao 0,08 da tabela anterior de custos com mão-de-obra.
Portanto, sabendo o valor da hora dos calceteiros, é possível ter uma boa estimativa de quanto será gasto com mão-de-obra. Se a equipe passar os valores de diária, também é possível fazer uma estimativa se o valor está dentro da realidade.
Na contrapartida da mão de obra manual, muitas empresas estão mecanizando a pavimentação de intertravados. Essa tecnologia já é bem difundida nos Estados Unidos e em países da Europa, e no Brasil, devido a escassez da mão de obra, muitas empresas não querem mais depender dos calceteiros para entregar as suas obras. Uma pesquisa realizada pela Optimas no início de 2022 com 180 empresários do segmento, mais de 60% afirmaram ter problemas com a mão de obra, sendo:
58% não consegue finalizar uma obra no tempo acordado, devido a faltas recorrentes, abandono do trabalho e processo produtivo lento;
52% afirmam ter dificuldade em contratar calceteiros (Nordeste e Centro-Oeste);
13% disseram ter problemas trabalhistas com os profissionais contratados.
A vantagem da mecanização é que ela pode minimizar a dependência da mão de obra manual em até 70%, deixando o custo operacional total muito menor e diminuindo em quase 8 vezes o tempo de execução da obra.
No exemplo acima temos 200 m² pavimentados por 2 calceteiros em 16 horas. Com uma máquina pavimentadora essa performance pode chegar 72m²/hora. Sendo assim, com apenas 2 funcionários (que não necessariamente precisam ser calceteiros), ela pode pavimentar 1000 m² em apenas 14 horas.
Muitos são resistentes à mudança, mas a inovação já chegou e veio pra ficar. Há anos a construção civil indica uma escassez de mão de obra cada vez mais crescente, e em contrapartida o paver está em alta: praças, condomínios, parques, estacionamentos, shoppings e muitos outros empreendimentos demandam cada vez mais esse tipo de serviço.
Quem investir agora na mecanização pode absorver boa parte da demanda e tem grandes chances de permanecer mais tempo no mercado.
Já os materiais envolvidos são calculados de uma maneira mais simples. Via de regra, são 3 insumos: os blocos intertravados de concreto (pavers), areia e pó de brita.
Historicamente é possível obter uma média da quantidade de materiais utilizados, já descontando as perdas, e fazer a relação com o uso por metro quadrado de piso instalado.
Especialmente em áreas maiores com poucos recortes, é possível considerar as perdas das peças como quase nulas, sendo considerado que a totalidade das peças será instalada sem perdas. Contudo, como medida de segurança, algumas pessoas acham prudente contar de 2 a 5% a mais na hora da compra. Bem diferente, por exemplo, dos 10 a 15% recomendados de sobra para compra de pisos e azulejos.
A média de areia e pó de brita é de 0,06 m³ para cada m². Ou, para ficar mais fácil de visualizar, 6m³ de areia e pó de brita para cada 100 m² quadrado de paver instalado.
Os acessórios, ferramentas, e EPI’s também podem ser incluídos na conta, dependendo da equipe que será contratada. Nestes custos é importante anotar itens como: placa vibratória para compactação ao final da instalação, vassoura, martelo de borracha, régua, nível, makita para cortes, EPI’s, linha, carrinho de mão, pá e enxada.
Logicamente vários itens podem já estar disponíveis na obra, e não entrarão dentro desta composição. Contudo, como o objetivo aqui é listar o maior número de itens e insumos envolvidos, a lista completa de materiais foi exposta.
Com esses quantitativos, é possível montar uma planilha orçamentária bastante coerente com a realidade, e também é possível entender um pouco melhor os custos envolvidos na instalação do paver, e orçar os preços dos itens de acordo com a região em que você está.
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